POR UM BRASIL PASSADO A LIMPO


Margarida Drumond de Assis

Paira no Brasil a possibilidade de um novo cenário que seja a confirmação da expectativa do que muito se ouviu durante o período eleitoral, tanto no primeiro turno, 7
outubro, quanto no 2º, quando os presidenciáveis Jair Bolsonaro e Fernando Haddad atraíram todas as atenções. Grande parte da população manifestava o desejo de “um Brasil passado a limpo”, e a discussão ficou intensa, com as pessoas mostrando que de um lado via-se o fascismo e de outro o comunismo. O acirramento dos ânimos foi num crescendo, de tal forma que, nas redes sociais, ninguém mais se aguentava de tanta discussão, uns querendo que prevalecesse o seu ponto de vista, ignorando que o voto é secreto; e, livre, o direito de as pessoas terem opiniões distintas, portanto respeitadas. Chega o Dia D, anoitece, e o 28 de outubro de 2018 registra que 147,3 milhões de eleitores acorreram às urnas, contra os 31,3 milhões que não exerceram o direito do voto. É fato: o governo do Brasil, nos próximos quatro anos, terá Bolsonaro (PSL) que obteve 55,13% dos votos, contra Haddad (PT), 44,87, sendo 2,14 % de votos brancos; nulos 7,43 %. O capitão reformado, Jair Messias Bolsonaro, vence o pleito eleitoral, para comemoração de mais da metade da nação brasileira.
Outros poderiam postular a importante função de mudar os destinos do país, mas, na sequência de um desejo há muitos anos formulado por Bolsonaro, cristalizou-se nele o sonho
por tantos almejado. Personificou o desejo de um Brasil transparente e com ações decisivas nas quais predomine, de fato, a verdade que ele tanto proclamou, conforme a passagem bíblica (Jo8,32), segundo a qual “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
O veredicto que veio das urnas apontou que os brasileiros queriam mesmo gente nova na política, com raras exceções em um ou outro ponto, e isto em reconhecimento à índole e à
ética do candidato. E então foram eleitos candidatos, sem quaisquer experiências nesse meio, como se deu aqui mesmo no Distrito Federal, onde foi eleito advogado Ibaneis Rocha (MDB), vencendo o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB); a eleição do gaúcho Eduardo Leite (PSDB), que se elegeu com 53% dos votos, contra 46% do atual governador Ivo Sartori (MDB).
E se ressalte quanto estava atento o eleitor, a partir do que se viu no Rio Gande do Norte: embora a corrupção que grassava entre a maioria dos políticos, uma petista se mantinha na
probidade, agindo conforme princípios éticos e morais tão necessários, em especial a um representante do povo. Foi eleita a pedagoga paraibana, Fátima Bezerra, a única mulher
apontada, hoje, para governar um estado brasileiro. Já senadora com mandato ate 2023, uma sólida carreira na área de direitos humanos, meio ambiente e na defesa dos direitos dos trabalhadores e das mulheres, deputada estadual, duas vezes; e três, federal, alcançou 57,60% dos votos.
As eleições deste ano apontaram que o eleitor está mais consciente; o cidadão brasileiro está cansado e disposto a impedir representantes corruptos, como visto nos últimos
anos. É verdade que no período eleitoral muito se viu temor e raiva em vários de nós, chegando-se a discussões ferrenhas, por meio das redes sociais, até mesmo entre familiares; atitudes acalorada, às vezes desencadeando sentimentos nefastos, originando agressões verbais a pessoas queridas. Agora, os tensos discursos em defesa de um ou outro candidato devem dar lugar à temperança, como bem recomendou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ante as muitas denúncias de agressões físicas ocorridas entre eleitores, inclusive fatais, com o próprio candidato Bolsonaro, agredido  por Adélio Bispo de Oliveira que, em parte de suas manifestações disse: “Quase morreu? tinha q ter morrido esse verme junto com a escória fascista!!!” Mas é tempo de esquecer tudo isso, senão será tenebrosa a superação das dificuldades, seja de ordem social ou econômica, com reflexos para qualquer pessoa.
Afinal, foi com olhares atentos na TV e redes sociais que constatamos a forte repercussão da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. Constatado o resultado, logo
passaram a mostrar o homem Bolsonaro, sua formação militar, os seus controversos pontos de vista, despertando expectativa e temor. Fato é que Jair Messias Bolsonaro é o candidato eleito ao governo brasileiro. Cumpre a cada um de nós continuar atento a mudanças que podem surgir, como a que já se anuncia: a redução de 29 pastas para quase a metade, a exemplo de Educação, Esportes e Cultura, constituindo-se em um só ministério. E como ficaria, por exemplo, se o presidente eleito realmente optar por unir “Agricultura e Meio Ambiente”? Estaria a relação comercial e industrial da cadeia produtiva agrícola ou pecuária, o agronegócio, com chances de continuar na geração de recursos para o Brasil? Por seu lado, a pasta do Meio Ambiente permaneceria atenta a todas as necessidades de atenção à vida e aos ecossistemas? E o que dizer de mudanças no que concerne à Legislação, como a da maioridade penal para 16 anos; a possível aprovação de armas de fogo para o cidadão comum, entre outras medidas que o novo presidente poderá tomar?
De uma coisa estamos certos: a economia precisa se recuperar mais fortemente. De modo geral, percebe o brasileiro que mudanças estruturais, nas áreas previdenciária, tributária e
fiscal virão, conforme posicionamento do novo presidente, e ele, percebemos, tem ciência do que quer o povo brasileiro. Assim o desejamos, pois são urgentes medidas por mais segurança pública e retomada do crescimento econômico, originando, assim, a queda do desemprego, pois em torno de 13 milhões de pessoas estão desempregadas, e isso leva à fome e e à miséria, e então se acentua o nível de desigualdade social. Esteja o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ciente também de que a educação, a saúde, a segurança e moradia são alguns dos pontos que merecem muito sua atenção, pois têm sido péssimos os serviços despendidos à população nessas áreas. Seja o seu cuidado na observância da Constituição, voltado às circunstâncias do país que ele ora assume. O povo brasileiro, e o próprio cidadão Bolsonaro demonstruou também o ser, é pessoa de firmes propósito. Já sobreviveu a tantos desmandos e falcatruas, mas agora quer, por meio dele, Bolsonaro, ver mais a realização dos direitos cidadãos e viver dignamente, ser humano que é .

Margarida Drumond é professora, jornalista e escritora, autora de várias obras, dentre elas as
biografias Dom Luciano, especial dom de Deus e Eu já nasci padre, sobre Pe. Abdala Jorge; e o romance
Doce complicação no qual ela trabalha a saúde mental. Contatos: (61) 98607-7680
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