“Galvão Bueno é o resultado da concentração extrema de meios de comunicação”, diz jornalista alemão


O jornalista alemão Philipp Lichterbeck da Deutsche-Welle fez uma boa coluna chamada “O eterno Galvão” criticando o apresentador esportivo da TV Globo. Ele diz que “Galvão Bueno é o resultado de uma concentração extrema de meios de comunicação, além de um Brasil refratário a tudo o que é novo e progressivo. É que Galvão ainda narra futebol por só uma única razão: ele não precisa temer a concorrência. Até perder um gol da Seleção não tem consequências para ele. Ele está lá porque sempre esteve”.
Para o correspondente alemão, essa monopolização de discurso midiático pode ser encontrada com frequência nos meios de comunicação do nosso país. “São sempre as mesmas figuras conservadoras que querem explicar o mundo ao público, seja na televisão, no rádio ou nos jornais: Carlos Alberto Sardenberg, Merval Pereira, Miriam Leitão, Ricardo Boechat, Reinaldo Azevedo, Ricardo Noblat. Vozes jovens têm pouca chance. Se não houvesse a internet, deveria-se falar de uma oligarquia da informação”.
E ele complementa: “a concentração de poder nas mãos de poucos também é característica da política brasileira, onde, há décadas, os mesmos senhores se refestelam nos mais diferentes postos. Alguns políticos aproveitam para abrigar a família inteira na profissão, clãs familiares e círculos de amigos dominam Estados inteiros. E, naturalmente, fazem de tudo para manter o poder. Por isso, é claro que novatos ficam desencorajados ou têm dificuldade extrema de conquistar espaço. Quando uma figura independente consegue a proeza de conquistar uma posição de destaque na política, pode acabar como Marielle Franco, assassinada há exatos três meses e cuja morte ainda não foi esclarecida. O prognóstico não é exagerado. Dois exemplos: a jovem vereadora Talíria Petrone (PSOL), de Niterói, já foi alvo de ameaças de morte”.
Com todos esses fatores, o jornalista internacional acredita que os brasileiros terão que suportar o “eterno Galvão Bueno” durante mais essa Copa do Mundo na Rússia. “É o preço que o país paga por sua meritocracia – que não estimula novos talentos nem contribui para a diversidade. Ao contrário, apenas protege um establishment que mantém o Brasil preso no seu próprio passado”, finaliza.