Na esteira de Bolsonaro, mais de 600 militares serão candidatos para fazer “intervenção militar pelo voto”. Ele lidera pesquisas de intenção de voto ao lado do ex-presidente Lula
As eleições de 2018 devem ter um alto número de militares da ativa concorrendo a cargos do Legislativo. O deputado Major Olímpio (PSL-SP), que coordena a mobilização eleitoral de policiais militares, bombeiros e membros do Exército pelo país, afirma que pelo menos 600 estão confirmados para cargos de deputado federal, estadual e ao Senado. Somente em São Paulo são 50 militares pré-candidatos.
Em 2014, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou a candidatura de 127 oficiais da ativa e da reserva.
O interesse por participar da disputa cresceu nos últimos meses após os militares perceberem o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) em pesquisas de intenção de voto, que chega a mais de 20% em cenários que não consideram o ex-presidente Lula (PT). E explodiu após a greve dos caminhoneiros. Na paralisação, que foi apoiada pelo presidenciável, houve manifestações de apoio a intervenção militar. Com isso, a corporação sentiu que o terreno estava propício para o lançamento de múltiplas candidaturas.
Os militares concorrerão pelo PSL, partido de Bolsonaro, e também por legendas aliadas, como PR e DEM. Ainda de acordo com Major Olímpio, cada partido já formou chapadas completas, incluindo a cota de 30% de candidatas do sexo feminino.
“A intervenção militar será pelo voto, e não por armas”, afirmou o deputado.
Os militares aproveitam, ainda, o que consideram como uma “onda conservadora” na sociedade, com tendência a apoiar ideias do presidenciável voltadas à agenda conservadora. Uma das pautas defendidas por Bolsonaro, inclusive, é a facilitação de cirurgias de esterilização para mulheres de baixa renda. Polêmica, a medida é interpretada como uma forma de conter o nascimento de pobres.
Sobre o assunto, Major Olimpio afirma que o aliado é “mal-compreendido”. “É para diminuir a quantidade de pessoas que nascem em condição de miserabilidade”, disse. Ele sustenta que a medida seria uma espécie de “planejamento familiar” para evitar que famílias em condição de pobreza tenham muitos herdeiros. “Nós defendemos essa pauta com absoluta tranquilidade.”
Para participar do pleito, os militares da ativa que concorrerão a algum cargo eletivo terão que ser afastados do serviço a partir do período das convenções partidárias, em julho. Eles não podem fazer campanha eleitoral ao mesmo tempo em atuam nas ruas, segundo as regras da corporação.