Zema e Kalil disputam à moda ‘socos e pontapés’
Aliados de ambos os lados não acreditam em mudança no cenário, mesmo com a campanha começando oficialmente apenas em 16 de agosto e a eleição marcada para 2 de outubro, ou seja, daqui a quatro meses.
(FOLHAPRESS) – Uma nova rodada com dois dias consecutivos de ataques entre os pré-candidatos ao Governo de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), que tentará a reeleição, e Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte, reforça projeção de uma campanha à moda de “socos e pontapés”.
Aliados de ambos os lados não acreditam em mudança no cenário, mesmo com a campanha começando oficialmente apenas em 16 de agosto e a eleição marcada para 2 de outubro, ou seja, daqui a quatro meses.
Há pouco mais de um mês os dois já haviam se estranhado por causa da instalação da fábrica de cervejas Heineken no estado e estradas esburacadas. Os embates ocorrem via pronunciamentos, alfinetadas em redes sociais e entrevistas.
O confronto mais recente durou dois dias. Kalil, em entrevista ao canal FlowPodcast no dia 1º de junho, chamou Zema de “débil mental” ao falar sobre políticas sociais para a população de baixa renda.
Zema rebateu no dia seguinte, ao participar de conversa com jornalistas em congresso de prefeitos organizado pela Associação Mineira de Municípios, em Belo Horizonte. O governador, ao ser questionado sobre a declaração do rival, disse que os dois poderiam fazer um teste de QI.
O chefe do Executivo estadual afirmou ainda que o ex-prefeito de Belo Horizonte viveu à sombra do pai, o empresário e também ex-presidente do Atlético-MG, como o filho, Elias Kalil, que morreu em 1992.
Kalil participou do congresso, no mesmo dia que Zema, mas em outro momento do encontro. E fez a tréplica. “Lava a boca para falar do meu pai”, afirmou.
O ex-secretário-geral do governo e coordenador da campanha de Zema pela reeleição, Mateus Simões, avalia que as trombadas de frente entre os dois pré-candidatos seguirão até o pleito.
Segundo Simões, o temperamento de Kalil, que se orgulha de seu estilo “sincerão”, pode ajudar Zema na campanha. “O mineiro se identifica mais com qual deles?”, pergunta, se remetendo à fama de tranquilo da população do estado.
O coordenador da campanha de Zema, porém, nega que o estilo de Kalil será usado contra o rival durante a campanha, ao menos por enquanto. “A princípio nem precisa”, afirmou.
Para o aliado do governador, o comportamento de Kalil pode provocar estragos na própria campanha do adversário.
No partido de Kalil, a avaliação é que o estilo do ex-prefeito permeou sua trajetória política até aqui e, por isso, a tendência é que os embates com o rival permaneçam. Um observador que atua próximo ao partido do ex-prefeito diz que é o “jeitão sem papas na língua” que todos acham que vai dar certo.
Um episódio ocorrido durante viagem no último fim de semana de Kalil, por outro lado, despertou críticas dentro da própria legenda. Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, o ex-prefeito discutiu com um entrevistador ao participar de programa local.
A reação ocorreu depois de pergunta sobre dívidas trabalhistas de empresas da família, que o ex-prefeito chegou a comandar, um tema que já havia sido abordado na primeira campanha de Kalil para a prefeitura, em 2016. Durante a discussão, o ex-prefeito disse que jogaria o entrevistador pela janela.
O modo Kalil de fazer campanha não é comentado nem pelo próprio nem pelo coordenador do futuro comitê do ex-prefeito, o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PSD). Ambos não retornaram pedidos de posicionamento.
O governador Zema não quis se posicionar sobre os rumos da pré-campanha. Ele mantém agenda intensa de viagens ao interior, deslocamentos que ocorrem com frequência há mais de um ano.
As agendas são oficiais, como governador do estado.
Por sua vez, a viagem de Kalil no fim de semana incluiu, além de Capelinha, passagens por Itamarandiba e Araçuaí, também cidades do Vale do Jequitinhonha.
A disputa tem ainda como pré-candidatos o senador Carlos Viana (PL), os ex-deputados Miguel Corrêa Júnior (PDT) e Marcus Pestana (PSDB), e a professora Lorene Figueiredo (PSOL)